segunda-feira, 16 de junho de 2008

Recomendações líricas…

…pela interpretação:

Uma Fassbaender impregnada de ironia e malícia, bordejando o sórdido.
Weill sublinhou o lado negro da natureza humana e B. Fassbaender leu-lhe os pensamentos, entregando-se a uma interpretação corrosiva de Os Sete Pecados Capitais.


(HMA 1951420)


…pela técnica:

Norman na sua plenitude técnica, em redor das trinta e oito primaveras: majestosa nas vocalizações, imperial na respiração, imponente no folgo e principesca no volume.

Pessoalmente, sempre achei que As Quatro Últimas Canções, de R. Strauss, só poderiam ser ousadas após os quarenta, quando a vida começa a ter um horizonte.
J. Norman dá-nos uma leitura deste ciclo pouco afim com a depressividade (Studer) ou melancolia (Schwarzkopf , nos anos 1960), algo neutra, arriscaria… Mas, em termos de disciplina e elegância, poucas serão as rivais!


(PHILIPS 289 464 742-2)

12 comentários:

Anónimo disse...

Estas foram as minhas "primeiras quatro últimas" em termos de aquisição. Um assombro ! Depois conheci a lição da Schwarzkopf e outras tão boas como estas duas: Gundula Janowitz e Leontyne Price. Até que ouvi a Flagstad na edição da Testament (estreia absoluta), embora já conhecesse três das quatro dum recital preservado. E reflecti. Quem conhece esta gravação da estreia sabe quanto diverge da maior parte das versões consagradas e admiradas. Acontece que Strauss concebeu-as para a Flagstad, voz que ele admirava incondicionalmente. Essa mesma admiração impediu a Schwarzkopf de, segundo ela, "ousar" inicialmente cantá-las. Conclusão: será que nós - e eu incluo-me - gostamos do produto errado ?

Il Dissoluto Punito disse...

O comentário de cima é si, Raul?

Anónimo disse...

Estas foram as minhas "primeiras quatro últimas" em termos de aquisição. Um assombro ! Depois conheci a lição da Schwarzkopf e outras tão boas como estas duas: Gundula Janowitz e Leontyne Price. Até que ouvi a Flagstad na edição da Testament (estreia absoluta), embora já conhecesse três das quatro dum recital preservado. E reflecti. Quem conhece esta gravação da estreia sabe quanto diverge da maior parte das versões consagradas e admiradas. Acontece que Strauss concebeu-as para a Flagstad, voz que ele admirava incondicionalmente. Essa mesma admiração impediu a Schwarzkopf de, segundo ela, "ousar" inicialmente cantá-las. Conclusão: será que nós - e eu incluo-me - gostamos do produto errado ?

RAUL

Anónimo disse...

Então Raul! E a a Lisa della Casa?

J. Ildefonso.

Anónimo disse...

Sei que é famosíssima, mas acontece que nunca ouvi e daí estar calado. Também podemos acrescentar como grande a Sena Jurinac e também como muito boa a Kiri te Kenawa.
RAUL

Anónimo disse...

A versao da Lisa della Casa é a minha favorita em absoluto. Para alem das que referiu gosto bastante da Studer.

J. Ildefonso.

Ricardo disse...

A minha gravação de eleição é a primeira que a Lucia Popp fez, com a Philarmonia Orchestra e dir. de Klaus Tennstedt. Absolutamente perfeito!

A Norman é excelente, mas vocalmente apresenta alguns momentos menos bem conseguidos e também o arrastamento de alguns tempos não fica muito bem. A della Casa, já ouvi e não gostei. A da Janowitz ganha em clareza orquestral o que perde em vocalização, mas é uma questão minha que não gosto da voz da senhora. As da Schwarzkopf nunca ouvi porque também não gosto muito da senhora (excepção feita à Donna Elvira dela no Don Giovanni de Giulini).

Anónimo disse...

Infelizmente quando as gravou,a Lisa della Casa já tinha passadoa sua melhor época.É uma voz algo cansada, em vias de descoloração.A minha Flagstadt/Furtwaengler é pràticamente inaudivel,tão má é a qualidade sonora.E não é certo que nessa "première" esses dois génios musicais tenham apreendido toda a subtil melancolia da obra que, como os bons vinhos, ainda precisava então de ser decantada.A Schwartzkopf tem três gravações,com o Karajan,com o Ackermann e a mais divulgada,com Szell. Os maneirismos habituais existem,mas estão assaz contidos,sobretudo com o Karajan,por estranho que pareça. A Norman é solene e digna,mas falta-lhe a tal subtilexa,sottilitá,que já encontramos na bem-amada Jurinac. Este estendal de exemplos não é pedantismo,mas o entusiasmo por essa obra máxima,que convida às viagens pelas interpretações e comparações...

Anónimo disse...

Também não gosto muito da Schwarzkopf (afectada), da janowitz (esteril e de agudos dificeis) ou da Norman (é Strauss não é Wagner). A Jurinac não conheço mas aposto que vou gostar. A Popp só conheço a segunda gravação já dos 80 com a cantora já doente. A lisa della casa pareçe-me fresca, espontânea, sedutora e extraordinariamente feminina.

J. Ildefonso.

Anónimo disse...

Discordo que a Norman pareça Wagner, pela simples razão que a própria voz da Norman é pouco wagneriana. O que gosto nesta versão para além da voz é aquele, digamos, fluído energético, vital, que cantora projecta. É o tal admirável louvor à Vida de um homem que serenamente está prestes a despedir-se dela sem tumulto.
A data da estreia coloca esta peça no início da segunda metade do século XX. E até agora nada de posterior teve a audência desta obra.
RAUL

Anónimo disse...

Sim, a voz da Norman não é muito Wagneriana mas a direcção do Masur é e acaba por resultar um pouco incongruente.

J. Ildefonso.

Il Dissoluto Punito disse...

Raul,

Há uns tempos, na Holanda, tentaram"impingir-me" a leitura da Flagstad... mas o som - da Testament - é absolutamente inaudível!