sábado, 23 de janeiro de 2010

Disse-me um passarinho...

Que haverá mais novidades neste primeiro trimestre:

11 comentários:

Raul disse...

Tenho este Hansel und Gratel e recomendo, embora para um primeiro contacto com esta maravilhosa música é preciso ouvir essa "maravilha do mundo" que é a gravação Karajan/ Grummer/ Schwarzkopf, obrigatória em qualquer cedoteca que se preze.
A Petibon é uma cantora perfeita não embarcando em projectos de que não seja boa intérprete.
Este Barbeiro de Met não sei se compraria, embora conte com a presença de verdadeiras sumidades no Almaviva (Blake) e no Bartolo (Dara). Rockwell Blake é um dos primeiros cantores a incluir a ária do último acto, considerada por muitas décadas como "impossível" e que se assemelha ao Rondo final da Cenerentola. Espero que esteja incluída nesta gravação, pois melhor não há, nem mesmo o Florez.

Hugo Santos disse...

Caro Raul,

no que concerne ao Hansel und Gretel, tenho pena de ser uma versão cantada em inglês, uma vez que reune duas cantoras que me são muito caras: Von Stade e Blegen.

Em relação ao Barbeiro de Sevilha, partilho um pouco da sua opinião. A ideia de um soprano Rosina, em 1989, parece-me algo antiquada. O remanescente dos intérpretes (Blake, Dara, Nucci e Furlanetto) agrada-me bastante. A ária "Cessa di più resistere" é interpretada magnificamente por Blake, como é apanágio deste tenor que muito aprecio.

Uma última menção a Patricia Petibon, a qual tive a oportunidade de visionar, há algum tempo, na ária de Olímpia dos Contos de Hoffmann e cuja leitura me pareceu enfermar de alguns maneirismos.

Raul disse...

Caro Hugo,
Tem toda a razão, a versão é em inglês. Esqueci-me. Fui levado pelas excelentes interpretações da Von Stade e da Blegen e pela auspiciosa presença de um mezzo da Idade de Ouro, Rosalind Elias, que sendo de um plano secundário, hoje seria de primeiro plano.
Concordo inteiramente consigo na sua ideia sobre a Rosina ser hoje em dia cantada por um soprano ligeiro. Para ouvir nesta versão só as antigas, sendo o modelo maior a Galli-Curci.

Hugo Santos disse...

Absolutamente de acordo com o seu comentário, Raul. Por falar em Rosalind Elias, um mezzo essencialmente lírico, não nos podemos esquecer de uma outra intérprete com a mesma tipologia vocal, embora com um instrumento mais dramático, e cuja carreira se assemelha bastante à desta: Mignon Dunn. Curiosamente, ambas cantaram em São Carlos: Elias interpretou a Fiordiligi em 1972 e Dunn a Brangânia nos finais dos anos 70.

Raul disse...

Não sei por que não vi essa Cosi. A propósito a R.E. não terá interpretado a Dorabela? Eu vi a Mignon Dunn no São Carlos, mas já não me lembro da sua prestação. Na Elektra da Nilsson do Met não está mal, mas nada de extraordinário. Acho Rosalind Elias superior. Dessa mesma geração, embora um pouco mais velha um outro mezzo "secundário" tão bom foi Miriam Pirazzini, de que conheço uma grande Suzuki (no princípio do segundo acto não há melhor), a Adalgisa, a Azucena e a Amneris. Não acho em nada inferior à Fedora Barbieri que foi o segundo mezzo italiano em termos de fama dos anos cinquenta, depois da sua arqui-inimiga Giulietta Simionato,

Hugo Santos disse...

Caro Raul,

peço perdão pelo lapso. Elias era, obviamente, Dorabella. A Fiordiligi foi interpretada por Stich-Randall. É curioso notar que, além do mezzo norte-americano, o Così fan tutte de 1972 contava com mais dois cantores "importados" da produção da mesma ópera que o MET levou à cena na época: Pietro Bottazzo no Ferrando e Walter Berry no papel de Don Alfonso. Inquestionavelmente, outros tempos.

De facto, Itália sempre foi pródiga em intérpretes secundários que hoje, certamente, teriam carreiras muito mais expressivas. No tocante aos meio-sopranos italianos, acrescento os nomes de Dora Minarchi, Adriana Lazzarini, Lucia Danieli, Bianca Maria Casoni, Franca Mattiucci, Bianca Rosa Zanibelli, Maria Luisa Nave e Bruna Baglioni.

Raul disse...

A Dora Minarchi vi-a na Laura e a
Baglioni na Eboli e não gostei, mais ainda depois de saber que substituía a Viorica Cortez que havia cantado no São Carlos.
A Lucia Danielli faz uma grande Susuki na Butterfly da Callas e era regular nos anos cinquenta em Portugal. A Lazzarini tem gravações ao lado dos grandes e era boa, assim como a Maria Luisa Nave, Branca Maria Casoni e a Franca Matiucci. A Rosa Zanibeli nunca ouvi falar. Mas acho que a Pirazzini mesmo assim era de um nível superior a estas, mais no plano da Rosalind Elias.

Hugo Santos disse...

Raul,

das que citei, a menos dotada seria a Bianca Rosa Zanibelli, com um instrumento mais próximo do contralto. Tenho-a na Azucena e na Adalgisa, papel onde omite o agudo no dueto no primeiro acto com Norma. Relativamente às demais, considero que se equivalem em termos vocais.

Quando refere que viu Bruna Baglioni na Eboli, está a reportar-se à produção de 1977 do São Carlos com Siepi e Zampieri? Se tal for o caso, a intérprete que substituiu Viorica Cortez na récita do Coliseu não foi Baglioni mas sim Giovanna Casolla, na sua estreia internacional.

Raul disse...

Caro Hugo,
Tem toda a razão. Eu deixei de ir totalmente ao Coliseu a partir dessa récita, com medo das substituições, que anteriormente nunca existiam. Para isso também concorreu o São Carlos levar o Simon Boccanegra com o Cappucilli e a Zampieri e o Coliseu o Mastromei e a portuguesa Fernanda Nunes. Nessa altura o grande sabedor de música João de Freitas Branco, sem paralelo na crítica actual, disse nos jornais que essa política de elencos era fascista. Enfim, retórica dos tempos, disparatada, logicamente, mas elucidativa.

Hugo Santos disse...

Já que menciona o soprano Fernanda Nunes, pelo que conheço do reportório que cultivava (Turandot, Madama Butterfly, Amélia do Baile de Máscaras), perfila-se como a predecessora de Elisabete Matos.

Raul disse...

Claro que substituir a Zampieri deixava logo o "pessoal na negativa". Mas lembro-me, sim senhor, que logo no fim da sua entrada a única ária de soprano do Simon -- ária bonita mas para o fim da fila das árias verdianas para soprano --, o meu pensamento era de que "podia ser estrangeira", um pensamento não muito "edificante" para o nosso amor-próprio, mas comum na altura. Penso que hoje já não se pensa assim tão compulsivamente. Lembro também que a F.N. cantava com controlo de voz e tudo saía certo. Não a ouvi em mais nenhum papel.